Banhada de um sangue turvo, gemendo e chorando no leito da morte,
Numa noite fria,
As palavras lhe escapavam em profusão:
Por que o preconceito? Para que o preconceito?
Humilhou-me, por quê?
Bateu-me, por quê?
Violentou-me, por quê?
Inferiorizou-me, por quê?
Não mereço.
Nasci assim. Sou mulher.
Quero meu corpo, rosto e coração. Quero meu salário.
Quero sua admiração.
Sou forte. Destemida. Enfrento ventos, redemoinhos, partos, dores.
Dou-lhe a vida. Quero a vida.
Quero amor. Quero amar. Quero uma rosa.
Quero tudo. Posso tudo.
Um transeunte passava e ouviu seu último grito:
Amem-me.
Morreu dignificando sua dura vida.
E na morte viveu.
Amém.
Ezilda Melo, Salvador - Março de 2012.
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