Na coletânea " Feminismos, Artes e Direitos das Humanas", da
Coleção Direito e Arte,
lançada na data emblemática de 08 de março de 2019, encontram-se
escritas e imagens
tratando sobre os Direitos das Mulheres, o que possibilita dar
visibilidade às produções de sujeitos de direito que se expressam
autonomamente, mostrando suas criações por meio de linguagens literárias,
científicas e artísticas. Uma grande obra feminista no Direito, que conta com
três organizadoras: Aline Gostinski, única mulher à frente de uma
editora jurídica no país, que conseguiu criar ao longo desses últimos anos uma
rede de resistência no espaço jurídico
brasileiro, organizando e apoiando várias obras feitas por mulheres e com
mulheres (podemos citar a coletânea
"Estudos Feministas por um Direito Menos Machista - volumes 1,2, 3 e 4); Ezilda Melo, Mestra em Direito
Público pela UFBA, pesquisadora das relações do Direito com a
Arte, Professora de Direito há quase duas décadas, com atuações em
coordenações de Cursos de Direito, em grupos de pesquisa e que propõe um
ativismo feminino contra o Direito elitista e machista. A terceira
co-organizadora é Gisela Maria Bester, Pós-Doutora em Direito Constitucional e
Administrativo do Ambiente, pela Universidade de Lisboa, Doutora em
Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina, Professora com larga atuação
profissional e defensora dos direitos das mulheres. A obra tem também três
Coordenadoras: a Juíza Andrea Bispo, de Belém do Pará, uma mulher
extremamente empoderada e telúrica em todos os projetos que desenvolve; a
Desembargadora Federal no Tribunal Regional Federal da Terceira Região, Inês Virgínia
Prado Soares, Pós-Doutora pelo Núcleo de Estudos de Violência da Universidade de São Paulo -
NEV-USP, com atuação na área de Direitos Humanos e Direitos Culturais, com ênfase em Patrimônio
Cultural, Arqueologia e Direito à Memória Coletiva. E Soraia da Rosa Mendes, Pós-doutora em
Teorias Jurídicas Contemporâneas, pela Universidade Federal do Rio de
Janeiro - UFRJ, Coordenadora Nacional do Comitê
Latino-americano e do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher -
CLADEM/Brasil, autora de diversas obras, dentre as quais Criminologia
Feminista: novos paradigmas (Editora Saraiva), advogada especialista em Direitos Humanos. A
obra que se pretende jurídica, porém sem as amarras de um discurso rijo, fixo e
eminentemente legalista, traz o falar do direito das humanas a partir
de múltiplas vivências e de experiências muito próprias, que perpassam por textos autorais
dispostos a um diálogo transdisciplinar, tendo como linha de cruzamento e de ligação o feminismo, ou
melhor, as suas várias vertentes. Por sua riqueza plural, este livro pode
ser utilizado nos Cursos de Graduação em Direito do País, servindo de
material de apoio para disciplinas
propedêuticas, como Sociologia do Direito e Direitos Humanos, e a
todas as
demais de formação humanística, como Criminologia Crítica, Criminologia
Feminista, Gênero e Direito, Direito e Literatura. A obra serve também para
subsidiar estudos e debates de diversos temas trans, multi e interdisciplinares
que reflitam sobre questões do gênero
feminino, a partir da voz feminina, sobretudo em âmbito de Cursos de
Pós-graduações. Não são homens que falam em substituição às vozes das mulheres.
São vozes de mulheres que se fazem ouvir; letras que se fazem ler, seja na
ciência ou na literatura. É também uma
obra imagética, ao portar forte apelo de significantes imaginários de
construções poéticas em símbolos e imagens que se fazem presentes no amplo
mosaico apresentado. São co-autoras, dentre outras da lista de 103 mulheres das
várias regiões do país, Ana de Santana, Andrea Beheregaray, Ana
Gabriela Souza Ferreira, Andrea Nunes, Anna Faedrich, Anna Giovanna Cavalcante, Carla Estela
Rodrigues, Cecília Barros, Ediliane Figueiredo, Edna Raquel Hogemann, Eduarda
Othero, Elaine Pimentel, Eliene Rodrigues de Oliveira, Emanuela Barros, Erika
Bruns, Eronides Câmara de Araújo, Fernanda Martins, Fernanda Sell de Souto
Goulart Fernandes, Karina Guerreiro de Sá, Kássia Cristina de Sousa Barbosa,
Laina Crisóstomo, Leila Barreto, Lia Testa, Magda Dimenstein, Maíra Marchi
Gomes, Manuella Aguiar, Marcella Pinto de Almeida, Márcia Letícia Gomes, Maria
Aparecida de França Gomes, Maria de Lourdes Nunes Ramalho, Marilena Wolf de Mello Braga, Marli Mateus dos
Santos, Miriam Coutinho de Farias Alves, Monaliza Maelly Fernandes Montinegro, Luciana
Pimenta, Nic Cardeal, Patrícia Medina, Paula Bajer, Patrícia Tuma Martins
Bertolin, Taysa Matos, Thais Elislaglei Pereira Silva da Paixão, Uda Roberta Doederlein Scwartz, Vera Lúcia de
Oliveira, Viviane de Santana, Viviane Fecher. Participa também da obra a cantora Marina
Guena com uma letra de uma canção já
gravada e a artista plástica Mary Baleeiro que elaborou a arte da capa e
contra-capa da coletânea. No conjunto das quase 600 páginas acham-se reunidas
vozes de mulheres, em seus múltiplos papéis, ávidas pela troca, pelo encontro,
e pelo diálogo fundante de novas
possibilidades. As bibliotecas jurídicas do Brasil precisam da
escrita feminina, que é essencial para a compreensão de um Direito mais
empático, com alteridade e sororidade. Essa obra é também uma ode ao empoderamento
das mulheres no(do) Direito. Não é uma manual, porque não segue esse padrão
acadêmico; é uma proposta nova para um curso que precisa de novidades. Discutir
Direitos pela emoção e pela arte. Os direitos das humanas estão nessa
miscelânea, composta por 170 produções, que trazem diversos temas como o
político, social, cultural, penal, civil, ambiental, profissional,
internacional, trabalhista, sexual,
artístico, dentre outros, e pode ser lida por todos, vez que o e-book é de
acesso
gratuito para oportunizar a inserção social. O volume dois tratará
sobre os direitos femininos (ou a falta
deles) numa análise que trabalhará novamente com a arte, fazendo uma
leitura de obras cinematográficas,
literárias e musicais.
https://emporiododireito.com.br/leitura/resenha-do-livro-feminismos-artes-e-direitos-das-humanas