Mostrando postagens com marcador Seis horas. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Seis horas. Mostrar todas as postagens

sábado

Poesia das seis

Nem precisamos do escudo de Athenas contra a Medusa
Ninguém olha nos olhos querendo enxergar lá dentro
É nossa caverna, é a prisão
Vê-se imagens distorcidas, ressequidas, fantasmagóricas do que projetamos ser o outro
Simulações horizontais de uma flor no quadro
Isso é uma flor? Isso é um cachimbo? Ou é o amor?
No canteiro do jardim está a realidade da tela
Eternizar na fotografia, na pintura, na poesia a visão de uma essência que não se diz, precede ao conceito e à formulação do nosso olhar
Eis que nem tudo está perdido
Porque a borboleta bate asas e constrói seu vôo
Encontra a flor e embriaga-se do néctar
E quer mais
Anseia o futuro
Faz previsões mitológicas, astrológicas, numerológicas
Tentativas de conter a inexatidão das linhas tênues de uma liquidez esfumaçante no castelo dos vampiros ancestrais
Pobre Dom Quixote, andante e solitário
Somos um retrato da incomprensão humana, tão mascarada por tatuagens que escondem a pele e a alma
E conhecer é um trajeto não-linear em um rodovia mal sinalizada...


Ezilda Melo

quinta-feira

Seis horas


Seis horas. Brilhantes inquietudes, em portas abertas, que revelam à consciência a dúvida atroz de anseios irreais. Oportunidades indissolúveis que reverberam a consciência de cada um. Meu eu, teus nós, em nós. Simultaneamente, olha-se para a solidão. Vê-se diferente. Seu olhar é a desaparição dos olhos meus. Outro, um ser para mim que transcende meu eu.  Capto, adquiro, experimento sua presença dissoluta em meu olhar objetivo. Querer-me subjetiva e liquidamente. Marshall que desmancha na ponta da língua ou na leitura da mensagem. Bauman na liquidez de outrora. Sonhos reais em meio ao porvir para te salvar de ti.
---------
Quando o encanto passar, ficarão lembranças, poeiras do tempo vento que sopra à cada instante, à cada momento... Redemoinhos de passado e futuro no breve instante passageiro do presente...

quarta-feira

Orientada


 
 
Orientada

Guia-te pelas veredas das incertezas
Pelos caminhos das dúvidas
Pelos traços antagônicos não-lineares
Dos circulares espirais dos arco-íris em brasa
Queimam em corpos ardentes
De sonhos de ilusão
Guia-te pela orientação do seu ser
És a orientada
Que desorienta
Coordenada em viés existencialista
Segundo sexo de um máxima hipócrita
Rasteira, medíocre
Definição da Razão
Sem Emoção
És tudo. Ou nada. Meio e fim da valsa dissonante em cordas
Toca fundo, profundo na alma
Com tatuagem em flor
Que corta como diamante de seda
Na miragem dos olhos distantes
Em regozijo da alma recôndita

Outra vez
Porque sonhar é preciso, fundamental, transcendental, necessário
Para mim! Sou eu, a que orienta.
Não sou bússola. Sou pêndulo caótico.

 

segunda-feira

L’ecume dês Jours


L’ecume dês Jours

Há gerânios nas articulações frontais das maçãs de seu rosto
Com gosto de baunilha
Toma de sua boca as taças de vinho cálido da última estação
Resquícios florais da saliva nos lençóis e na pele de pêssego...

Ficaram lembranças das espumas dos dias
Com cheiro de morango
Os cabelos são música no toque dos dedos velozes
Bem-me-quer sem lamentação
Flor apetitosa de pétalas macias
Lembra um flamboyant vermelho
São flores de Frida
Em segredo
Mistérios dos beijos das borboletas no jardim do coração
Cresce uma Ninfeia de Monet
Em singela harmonia do ser
Os ponteiros marcam as horas persistentes da memória: são seis horas!

sábado

As seis horas, de três dias.

De quarta:
Seis horas. Um restinho de sol lá fora. Na boca da noite um cheiro de mar.
Um passarinho voa. Alguém ri e transborda o sentir. A compreensão da lei da natureza humana.



De quinta:
Seis horas. Sinto cheiro de jasmin. E ouço o som morno de uma harpa imaginária.
No arco-íris da imensidão, o crepúsculo alaranjado, o cinza das nuves, o esmeralda do mar... são
tintas da tarde que prenunciam o vinho da noite.



De sexta:
Seis horas. Nuvens rosadas que combinam com o dia. Não é triste, nem sofrida, nem tampouco vazia.
Perfumados botões de rosa são gerados em sua vida.
Um dia hão de chorar na hora da de despedida.


Observação: as fotos não são minhas.