Nem precisamos do escudo de Athenas contra a Medusa
Ninguém olha nos olhos querendo enxergar lá dentro
É nossa caverna, é a prisão
Vê-se imagens distorcidas, ressequidas, fantasmagóricas do que projetamos ser o outro
Simulações horizontais de uma flor no quadro
Isso é uma flor? Isso é um cachimbo? Ou é o amor?
No canteiro do jardim está a realidade da tela
Eternizar na fotografia, na pintura, na poesia a visão de uma essência que não se diz, precede ao conceito e à formulação do nosso olhar
Eis que nem tudo está perdido
Porque a borboleta bate asas e constrói seu vôo
Encontra a flor e embriaga-se do néctar
E quer mais
Anseia o futuro
Faz previsões mitológicas, astrológicas, numerológicas
Tentativas de conter a inexatidão das linhas tênues de uma liquidez esfumaçante no castelo dos vampiros ancestrais
Pobre Dom Quixote, andante e solitário
Somos um retrato da incomprensão humana, tão mascarada por tatuagens que escondem a pele e a alma
E conhecer é um trajeto não-linear em um rodovia mal sinalizada...
Ezilda Melo
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