O primeiro livro que li do Eduardo Galeano foi em 1997, "As veias abertas da América Latina". Estarrecida fiquei ao saber do grande estupro latino-americano ocorrido no massacre colonizador. Um grande titulo, uma grande obra, escrita em 1971. Galeano tomou outros rumos literários e menos historicistas e ao despedir da vida, hoje, dia 13 de abril de 2015, aos 74 anos, o famoso escritor uruguaio deixou livros encantadores que nos farão companhia por muito tempo. Conheci-o, portanto, num visão historiográfica de episódios nossos, muitas vezes desconhecidos pelos irmãos latino-americanos. O que mais me chama atenção nos escritos dele, no entanto, é a beleza e a emoção dos pequeninos momentos, das historias fugazes, das meras possibilidades de cenas inusitadas do viver. Ele tratou da memoria como algo vivo, que se transforma; algo que se inquieta e muda com o passar dos minutos. A história contada a partir de pequenos momentos, instantâneos luzidios, aqueles que sacodem a alma da gente sem a grandiloqüência dos heroísmos de gelo, mas com a grandeza da vida.
Assim é o " Livro dos abraços", dos meus livros preferidos. O que de melhor Eduardo Galeano ouviu ele transformou em livros, onde nos lembrou como são grandes os pequenos momentos e como eles vão se abraçando, traçando a vida, num emaranhado sem fim (ou com fim). Eis que continuamos falando sobre ele e a pequena Anna, de cachinhos castanhos, no amadurecimento de seus quatro anos, ao ver a mãe com olhos marejados, diz "o que foi mamãe?" E eu digo: foi o Eduardo Galeano, um dos meus escritores preferidos, que morreu. Ela consente e parece entender esse sentimento de uma perda tao longe, e ao mesmo tempo, próxima.
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