Diálogos: Direitos Humanos e
Alteridade – I Semana de Direitos Humanos da Faculdade Ruy Barbosa
Datas: 14 e 15 de dezembro Auditório da Faculdade Ruy
Barbosa – Campus Rio Vermelho - Rua Theodomiro Batista, 422 – Rio
Vermelho – Salvador – Bahia - (71) 3205-1700
Coordenação Científica do Evento: Professoras Andrea Tourinho e Ezilda Melo
Entrevista para a Rádio Comunidade
Apresentação:
O grupo de pesquisa “Justiça de
transição: memória e verdade” da Faculdade Ruy Barbosa tem como primeira ação
convidar a sociedade ao debate,à
reflexão e permitir diálogos de direitos humanos e alteridade em uma sociedade
democrática. Propomos os diálogos na programação abaixo:
Dia 14/12/2012 – Diálogo 01 – Discriminação e Alteridade - 09h
Painel 1- Gênero
Presidente de Mesa: Profa. Juliette
Robichez
Debatedoras: Advogada Vanessa Alves e Defensora
Pública Cristina Ulm Ferreira
Convidados:Paulette Furacão - Coordenadora do Núcleo LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais,
Travestis, Transexuais e Transgêneros) da Superintendência de Apoio e Defesa
aos Direitos Humanos da Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos
(SJCDH).
Tema: “ O Movimento LGBT e Direitos Humanos”.
Márcia Lisboa – Juíza da 1ª Vara de Violência
Doméstica e Familiar contra a Mulher.
Tema: “ Lei Maria da Penha e suas controvérsias”.
Painel 2- Racismo - 10:20
Convidado: Aílton Ferreira – Secretário Municipal da Reparação.
Tema: “ Racismo institucional”.
Lançamento do Livro "Crimes contra a Cidadania", da Prof. Andrea Tourinho
Encerramento: 12h
Diálogo 02 – Direitos Humanos e Arte
Presidente de Mesa: Prof. Ezilda Melo
15h – Exibição do Documentário “Ser – Tão Inocente: as crianças de
Monte de Santo", da Defensora Pública, Marta de Oliveira Torres.
16h - Debatedor: Edmundo Kroger - Coordenador do Cecup - Centro de Educação
e Cultura Popular - Conselheiro do Conselho Estadual e Nacional e Coordenador
do Fórum DCA – BA
Dia 15/12/2012 – 09h
Diálogo 03: Justiça de Transição: Reparação, Memória e
Verdade
Presidente de Mesa: Andrea Tourinho
Convidados:
Vera Karam - Vice-diretora
da Faculdade de Direito da UFPR. Coordenadorado Núcleo de Constitucionalismo e Democracia do PPGD da UFPR. Editora da
Revista da Faculdade de Direito da UFPR. Tema: “ A justiça de transição no
Brasil”
Joviniano Neto - Presidente
do Grupo Tortura Nunca Mais e Coordenador do Comitê Baiano pela Verdade. Tema:
“A instauração do Comitê Baiano pela
Verdade”.
Debates
11h20- Diva Santana - Comissão de Familiares de Mortos e
Desaparecidos Políticos da Bahia. Tema: “ aslutas e conquistas da Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos
da Bahia – O caso Araguaia”.
Carlos Marighella Filho – Tema: “ Projeto Memorial
Marighella”.
9h às 12h – Manhã: Mesa de Abertura - Direito e Arte – Novas Metodologias: (Re)Pensando o ensino e a pesquisa no Direito
Interfaces entre Direito e Arte – Prof. Rodolfo Pamplona (UFBA/UNIFACS)
Direito e Literatura: teoria do texto como expressão de significado – Prof. Nelson Cerqueira (UFBA/PPGD)
A narrativa na Arte e no Direito: questões didáticas e metodológicas – Prof. Daniel Nicory (BAIANA)
Franz Kafka: Diante da lei e da academia – Prof. Heron Santana (UFBA/PPGD).
Coordenadora da Mesa: Carolina Grant (PPGD/UFBA)
14h às 18h – Tarde: Oficinas e Debates
14h às 15h – Oficina 01: Oficina sobre “Como fazer um Currículo Lattes”, organizada pelo CEPEJ e ministrada por Eduardo Braz (15 vagas)
14h às 15h – Oficina 02: Oficina sobre “Como fazer um Projeto de Pesquisa”, organizada pela Turma 2012.02 da disciplina Metodologia da Pesquisa em Direito (PPGD/UFBA) e ministrada por Carolina Grant (15 vagas)
15h às 15:30h – Bate-papo com a autora e lançamento de livro – Direito, Gênero e Literatura: Diálogos e incompletudes nos horizontes de Clarice Lispector – Míriam Coutinho de Faria Alves (PPGD/UAB)
15:30h às 16h – Diálogo com o Grupo Direito e Literatura – Prof. António Sá (UFBA)
16h às 17h – Palestra- Direito e Arte na obra de Nietzsche: possibilidades apolínicas-dionisíacas para o Direito, com a Prof. Ezilda Melo. Em seguida, debate com os Professores Mateus Abreu e Urbano Félix (Turma 2012.02 da disciplina Metodologia da Pesquisa em Direito, PPGD/UFBA)
17h às 18h – Bate-papo sobre teatralidade – A contribuição da Teatralidade para o Direito – Ana Flávia Hamad (Vica Hamad – PPGAC/UFBA)
19h às 22h – Noite: Mesa de Encerramento - Direito e Arte – O Direito como Arte: Para uma nova epistemologia do Direito
Direito como Literatura: integridade e coerência no pensamento de Dworkin – Prof. Wálber Carneiro (UFBA/UNIFACS)
A interpretação construtiva de Dworkin como formulação da Verdade: o trabalho de Hércules é dialógico – Prof. Daniel Oitaven (UNEB/BAIANA)
A Hermenêutica de Sísifo: Método e Existencialismo – Prof. Ricardo Aronne (PUCRS)
Coordenador da Mesa: Prof. Rodolfo Pamplona (UFBA/UNIFACS)
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Crédito das fotos: todas utilizadas neste post são de Lara Abdala, minha querida aluna.
Hoje é dia da poesia. "Dia branco para bordar flores e amores". E.C.M.
O dia 14 de março é o dia do natalício do baiano Castro Alves. A ele todas as homenagens que a palavra pode expressar. E mesmo assim será pouco. Ler Castro Alves é entrar num mundo de sensibilidade que não nos cabe dizer, somente sentir. É inebriante, sensorial, vertiginoso. Sobre a poesia ele nos diz:
"A poesia - é uma luz... e a alma - uma ave... Querem - trevas e ar. A andorinha, que é a alma - pede o campo. A poesia quer sombra - é o pirilampo... Pra voar... pra brilhar". Castro Alves. In: Espumas Flutuantes. Poesia: Sub Tegmine Fagi.
"Ele palpita na sua obra poética, de que, como da sua vida, foi um poderoso fautor. O mais íntimo de sua alma, impetuosamente apaixonada pela verdade, pelo belo, pelo bem, comunicou sempre com as alturas alpinas do seu gênio por um jato contínuo dessa lava sagrada, que fazia dos seus lábios uma cratera incendiada em sentimentos sublimes. Aos que não estremecerem a esse influxo, não me incumbo de demonstrá-lo. O coração não se prova com o escalpelo ou o silogismo: sente-se por uma afinidade impalpável, como o sentireis hoje nalguns dos seus acentos, ainda faltando-lhe agora o encanto daquele órgão irresistível, um desses que transfiguram o orador ou o poeta, e fazem pensar no glorioso arauto de Agamemnon, imortalizado por Homero, Taltíbios “semelhante aos deuses pela voz”. Ruy Barbosa sobre Castro Alves.
As flores que recebi, aos maços Apertadas em seda e em laços São expressões, são vestígios de um coração Acostumado em conquistar uma paixão Não me contento em ver, da janela, a pequena brecha de sol Quero mais: quero o céu num paiol E peixes furta-cor, pescados em sonho, sem anzol Quero mosaicos, paetês e retalhos, não quero ser caracol
Quero a elegância do homem no olor Quero seu olhar sincero em furor Quero o peso do seu ardor
Sentir seus beijos e seu calor Saber de atitudes e exemplos de valor Tudo isso sem sentir dor. Só amor.
A palestra, com a Prof. Ezilda Melo, "Direito e Arte na obra de Nietzche: possibilidade apolínicas-dionisíacas para o Direito", ocorrerá às 16h e será seguida por um debate com os Professores Mateus Abreu e Urbano Félix.
De quarta:
Seis horas. Um restinho de sol lá fora. Na boca da noite um cheiro de mar.
Um passarinho voa. Alguém ri e transborda o sentir. A compreensão da lei da natureza humana.
De quinta:
Seis horas. Sinto cheiro de jasmin. E ouço o som morno de uma harpa imaginária.
No arco-íris da imensidão, o crepúsculo alaranjado, o cinza das nuves, o esmeralda do mar... são
tintas da tarde que prenunciam o vinho da noite.
De sexta:
Seis horas. Nuvens rosadas que combinam com o dia. Não é triste, nem sofrida, nem tampouco vazia.
Perfumados botões de rosa são gerados em sua vida.
Um dia hão de chorar na hora da de despedida.
Sob um prisma da discrepância real do achar e do concreto,
Olhei-te e não te vi. Procurei e não encontrei. Os silêncios
vazios não me disseram nada. Tentei escutá-los e eles silenciaram. Um abismo de silêncio fez
hiatos entre nós. Que nada!(Nada combina com nada). Quando me achei, te perdi. E descobri que a poesia é para o
deleite. Para a paz de espírito.
E que a segurança é
precisa. Lancei meu olhar objetivo e fiquei em paz.
A
impusividade é passional
A
ação reflexiva nos coloca num patamar de decisão racional
Não
quero ser Modigliani na vida. Corri, você não me pega. Ficou para trás.
Uma poesia em co-autoria com minha amiga mais que poética, Karelayne Coelho, que descobriu os segredos do liquidicador. E fez um suco para a orelha. Os encontros poéticos são, de fato, para sempre.
No texto "The 'Bad Man', the Good, and the
Self-Reliant", Jack Balkin, nos convoca a refletir sobre quem é o homem
mau, o bandido, o criminoso, sobre quem é o homem bom e o auto-suficiente.
Como Professor de Direito Constitucional da Yale
Law School, Balkin nos convida a indagar sobre a teoria jurídica e os seus
conceitos ambíguos, que tem um conteúdo velado, dissimulado, que precisa de uma
desconstrução, decomposição ou desmontagem, apontando para a necessidade de uma
reconstrução contextualizada.
Neste sentido, quem é o homem mau? Aparentemente,
é o criminoso. Peguemos o exemplo do assaltante do ônibus 174 no Rio de
Janeiro. O rapaz de pré-nome Sandro ficou conhecido quando fez passageiros reféns
por um longo período de tempo, e teve a ação deflagrada por vários erros
sequenciados da polícia e seu aparato estatal. Esse rapaz, antes de ser o
bandido da história, teve um passado indigno, onde sequer ouviu a expressão
"dignidade da pessoa humana", tão bem quista no universo teórico da
nossa constituição e da doutrina jurídica moderna. Fazendo uma análise de quem
foi Sandro, podemos fazer um breve resumo da seguinte forma: ainda criança,
filho de pai desconhecido, teve a mãe assassinada na sua frente aos seis anos
de idade. Morador de rua, escapou da Chacina da Candelária no Centro do Rio de
Janeiro. Como tantos outros moradores de rua, que assolam nossos país, que
passam seus dias vagando em busca de uma sobrevivência animalesca, cometeu
vários furtos e roubos, e também usava crack. Sandro é uma espécie natural de
um processo de estrutura de organização social, que se baseia em classes, a
observar pelos dados fornecidos pelo IBGE, que nos classifica a partir da renda
per capita.
Nosso Estado só lembra de Sandro quando ele
comete crime. Ele só não foi para a cadeia, porque morreu dentro do carro da
polícia. No entanto, não nos surpreendamos, espécime igual a Sandro vai direto
para a cadeia, um lugar construído para esse tipo de pessoa. Quem mais vai para
a cadeia no Brasil? É só visitar um presídio: a realidade está lá, nua e crua.
Hoje, a moderna teoria do Direito Penal, nos fala
sobre a co-culpabilidade do Estado. E não é que é verdade? Claro. Carnelutti,
em "As Misérias do Processo Penal", nos esclarece que: "todos os
homens possuem incrustados em si o germe do bem e do mal, e o desenvolvimento
de um ou de outro depende, em muito do tratamento que recebem ao longo da
vida". Alguém dúvida? Em que pese a força que a sociedade exerce na
formação institucional de nosso ser, que inicia seu processo de construção
ainda no seio familiar, cada um de nós tem uma natureza, uma lei do ser. Em
razão disso, Balkin rejeita a afirmação consagrada do que é o homem mau, de que
o homem é bandido, pura e simplesmente, como um conceito dado. Ele rejeita essa
metáfora baseando-se na convicção de que para compreender a lei, também temos
de compreender as diferentes variedades do caráter humano e suas motivações.
Neste sentido, o que é que Balkin traz de novidade? Ele desconstrói o lugar-comum
da marginalidade. Ele desconstrói o estereótipo de homem mau e nos faz
verificar se, de fato, a exemplo de Sandro, ele é um homem bandido e criminoso?
Balkin vai mais longe. Desconstrói o lugar do
homem bom, baseando-se em Thoreau, afirma que "o único lugar para o
genuinamente 'homem bom' é na cadeia". Verificando que da espécie humana,
clarificam-se indivíduos de várias faces, ele nos fala dos modelos de homens:
aqueles são covardes, corajosos, conformistas, rebeldes, e tantos outros,
independentemente do fato de que a natureza de tudo é socialmente construído. Visões consagradas de que o legislador é um homem bom, é totalmente rechaçada por Balkin. Ele nos fala, justamente, o contrário: os homens maus vão promulgar leis perversas como instrumentos de dominação dos outros.
E Balkin vai além e nos fala do homem auto-suficiente, que não é apenas o indivíduo criminoso e egoísta, mas também pessoas como Thoreau, que decide violar a lei no interesse de um bem maior. Portanto, Balkin, questiona o lugar consagrado do legislador e diz mais: a lei pode e deve ser violada. Os motivos ensejadores dessa violação são: motivos ímpios ou insensíveis; violação em razão da coragem de levantar-se para que o resto da população saiba que a lei é injusta; e violação da lei porque a julgam incompatível com seus olhos, com seu modo de ser.
Nessa desconstrução, pergunto-me: Sandro não é mau? Nossos legisladores é que são?
Responda.
[1]
Advogada. Historiadora. Professora de
Direito da Faculdade Ruy Barbosa e da Faculdade Social da Bahia. Mestranda em
Direito Público - UFBA. Blog: www.ezildamelo.blogspot.com. Twitter:
@ProfEzildaMelo
O estudo da História Geral e do
Direito através da análise dos processos de evolução. A interligação fática e
a reprodução de modelos políticos ideológicos em diversos Estados, inclusive
no Estado Brasileiro.
OBJETIVOS:
Estimular o aluno, buscando
mostrar que o Direito advém de processo histórico transcende à idéia de lei.
Fazer com que se perceba a existência de outros valores, especialmente a
justiça, que deve ser vista como maior objetivo do exercício profissional.
CONTEÚDO
PROGRAMÁTICO:
Conceito de História. História
Geral e Brasileira. Marcos fáticos da História. História e Direito:
Antiguidade: Grécia e Roma; Idade Média e ordem feudal, dogmática canônica;
Idade Moderna, absolutismo e expansão colonial; Idade Contemporânea,
revolução industrial e revolução francesa. Introdução Histórica ao direito
Brasileiro: Colônia; Império e República.
METODOLOGIA:
Aulas expositivas com aplicação de seminários versando
sobre casos práticos, a fim de propiciar uma maior participação dos alunos.
CRITÉRIOS DE
AVALIAÇÃO:
02 provas dissertativas e com questões de múltipla escolha,
além dos exercícios continuados.
BIBLIOGRAFIA BÁSICA:
- Lopes, José Reinaldo de Lima.
O Direito na História. Lições Introdutórias. São Paulo. Max Limonad, 2002;
- Wolkmer, Antônio Carlos
(Org.). Fundamentos de história do direito. Belo Horizonte. Del Rey, 2001;
História do Direito no Brasil. Rio de Janeiro. Forense. 2003;
- Bobbio, Noberto. A Era dos Direitos. Rio de Janeiro. Campus.
1992
BIBLIOGRAFIA
COMPLEMENTAR:
- David, René. Os Grandes Sistemas do Direito
Contemporâneo. São Paulo. Martins Fontes. 1998;
- De Cicco, Cláudio. História
do Pensamento Jurídico e da Filosofia do Direito. São Paulo. Saraiva. 2006;
Ontem, foi 08 de março. Dia Internacional da Mulher. Em que se observe a melhoria da legislação na proteção à mulher, a prática cruel da violência é tão arraigada, que mesmo um crime da mais alta crueldade tem uma penalidade tão pequena, como pudemos observar esta semana no julgamento do goleiro Bruno. O que esse homem fez excede à imaginação mais perversa. Bem-sucedido profissionalmente, ganhando muito dinheiro por ser de um time famoso, em entrevista a jornalistas, perguntou: "quem não deu um tabefe em mulher?".
A tragédia foi anunciada.
Eliza anunciou várias vezes. Não recebeu a proteção devida. E o resto da história, não preciso contar, porque a mídia explorou por meses e meses, e nos chocou à cada momento.
Mais uma mulher morta com requintes de crueldade no Brasil. Seu corpo foi jogado para que os cachorros comessem. O bebê ficou sem a mãe. Pensemos nessa criança. Pensemos no exemplo que o goleiro famoso e psicopata lhe passou. Que essa criança não repita os ensinamentos do pai! Que saiba que a mulher deve ser respeitada, bem tratada, amada, mesmo quando os ensinamentos machistas dizem o contrário.A mulher gera a vida.
Mulheres têm direito de viver sem a sombra da violência
machista, diz ministra sobre caso Eliza Samudio
Paula Laboissière Repórter da Agência Brasil
A ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres,
Eleonora Menicucci, avaliou hoje (8), ao comentar o desfecho do caso Eliza
Samudio, que todas as brasileiras têm o direito de viver “sem a aterrorizante
sombra da violência machista e patriacal”.
Por meio de nota pública divulgada hoje (8), Dia Internacional da Mulher, ela
classificou como estarrecedora a declaração do ex-goleiro Bruno Fernandes de que
Eliza foi assassinada, esquartejada e teve seu corpo jogado aos cães.
“É urgente invertermos essa ordem de vulnerabilidade”, disse. “As mulheres
não aceitam mais a violação de direitos, a exemplo do que ocorreu com Eliza
Samudio, que lutou pelos direitos gravídicos, reconhecimento à paternidade e
pensão alimentícia de seu filho”, completou.
Menicucci destacou ainda que a Lei Maria da Penha é o marco legal que une os
Três Poderes da República e a sociedade na tentativa de retirar as mulheres “do
ciclo perverso” da violência de gênero.
“Por fim, manifesto meus cumprimentos à Justiça de Minas Gerais pela
imparcialidade e competência na condução do julgamento”, disse. “É com
compromisso e atitude que estamos vencendo a violência contra as brasileiras”,
destacou.
Bruno foi condenado a 22 anos e três meses de prisão pelo
assassinato e pela ocultação do cadáver de Eliza e também pelo sequestro e
cárcere privado do seu filho com a jovem.
Aplicativo lançado no Rio vai ajudar no combate à violência contra a mulher
Akemi Nitahara Repórter da
Agência Brasil
Informações sobre equipamentos públicos da rede de
enfrentamento à violência contra a mulher agora podem ser localizados pelo
telefone celular. Foi lançado hoje, Dia Internacional da Mulher, um aplicativo
gratuito que traz, além do texto completo da Lei Maria da Penha, um guia
explicativo de como agir em casos de agressões e os órgãos a ser procurados com
sua localização, como delegacias da Mulher, postos de saúde e defensorias
públicas.
O aplicativo foi desenvolvido em uma
parceria entre o Fundo das Nações Unidas para a Igualdade de Gêneros (ONU
Mulheres), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e o Programa das
Nações Unidas para Assentamentos Humanos (ONU Habitat), com apoio do Consulado
Britânico. De acordo com a coordenadora de Eliminação da Violência contra
Mulheres da ONU Mulheres, Daniela Pinto, o mecanismo pretende ajudar as vítimas
a buscar proteção.
“O aplicativo vem tentar responder
uma demanda das mulheres de várias comunidades aqui do Rio de Janeiro, que, no
ano passado, participaram de um diagnóstico que identificou o que faltavam saber
para implementar a Lei Maria da Penha. Elas sabiam da lei, mas elas não sabiam
como acessá-la e de que forma o governo poderia ajudá-las na proteção dos seus
direitos”, disse.
O programa funciona em qualquer
aparelho de telefone ou tablet que tenha acesso à internet,
independentemente da marca. O projeto é uma iniciativa piloto, com informações
apenas da cidade do Rio de Janeiro. O objetivo, segundo Daniela, é ampliar o
alcance para o estado e futuramente para todo o Brasil.
O aplicativo pode ser baixado
gratuitamente no site do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher (www.cedim.rj.gov.br.), que também foi
lançado hoje e traz informações completas sobre a rede especializada de
atendimento à mulher. A terceira iniciativa lançada hoje foi a cartilha Uma
Vida sem Violência é Um Direito da Mulher - Em Briga de Marido e Mulher o Poder
Público Mete a Colher.
De acordo com a subsecretária
estadual de Políticas para as Mulheres, Angela Fontes, as medidas são
importantes para facilitar o acesso à informação. “Quando você tem, no
site, na cartilha ou no celular, as informações da rede que pode
te apoiar enquanto vítima de violência doméstica, você pode seguir adiante. Se a
informação não flui, você não consegue”, disse.
No âmbito da prefeitura, foi criada
hoje a Secretaria de Políticas para as Mulheres do Município, que ficará sob o
comando de Ana Rocha. “São passos importantes no sentido de enfrentar a
discriminações que a mulher ainda sofre na sociedade. E o fato de criar
mecanismos de primeiro escalão dá um maior poder às mulheres de avançar em
políticas que combatam a discriminação de gênero. Eu acho que temos um desafio
grande pela frente e a nossa determinação é que o Rio de Janeiro seja uma cidade
referência no combate à discriminação e à cidadania plena da mulher”, disse Ana
Rocha.
Também hoje, o prefeito do Rio de
Janeiro, Eduardo Paes, assinou o decreto de formalização do Centro Especializado
de Atendimento à Mulher em Situação de Violência e do Abrigo para Mulheres em
Situação de Violência, além da criação da Casa da Mulher Carioca, um espaço de
acolhimento e de fortalecimento da cidadania da mulher.
“As casas vão ter um atendimento
multidisciplinar e também encaminhar as mulheres para os serviços no campo da
educação, da saúde e do trabalho. Hoje nós já assinamos um termo de cooperação
técnica com a Secretaria do Trabalho, para oferecer cursos de qualificação,
abrindo caminho de empregos para as mulheres. As casas também vão ter
atendimento para tirar a Carteira de Trabalho, cursos de capacitação e
atividades de convivência e culturais para atrair não só as mulheres, mas a
comunidade na conscientização do combate à discriminação da mulher”, declarou a
subsecretária estadual de Políticas para as Mulheres, Angela Fontes.
Há uma música do Arnaldo Antunes, chamada "Socorro" que é um tiro na falta de sentimentos.
A letra é essa:
Socorro! Não estou sentindo nada Nem medo, nem calor, nem fogo Não vai dar mais pra chorar Nem pra rir...
Socorro! Alguma alma mesmo que penada Me empreste suas penas Já não sinto amor, nem dor Já não sinto nada... Socorro! Alguém me dê um coração Que esse já não bate nem apanha Por favor! Uma emoção pequena, qualquer coisa! Qualquer coisa que se sinta... Tem tantos sentimentos Deve ter algum que sirva Qualquer coisa que se sinta Tem tantos sentimentos Deve ter algum que sirva... Socorro! Alguma rua que me dê sentido Em qualquer cruzamento Acostamento, encruzilhada Socorro! Eu já não sinto nada... Socorro! Não estou sentindo nada [nada] Nem medo, nem calor, nem fogo Nem vontade de chorar Nem de rir... Socorro! Alguma alma mesmo que penada Me empreste suas penas Eu Já não sinto amor, nem dor Já não sinto nada... Socorro! Alguém me dê um coração Que esse já não bate Nem apanha Por favor! Uma emoção pequena qualquer coisa! Qualquer coisa que se sinta... Tem tantos sentimentos Deve ter algum que sirva Qualquer coisa que se sinta Tem tantos sentimentos Deve ter algum que sirva...
Não sentir nada é horrível.
Até a tristeza pode ser uma poesia do compositor da dor e ser a letra de uma nova música que talvez nem toque. E que nem seja a minha canção preferida. Apesar de tudo, os encontros poéticos são mais que uma paixão desbotada e mais que uma amizade colorida.
Por isso, poeta, temos a realidade e a poesia. Eu prefiro, a última. Temos a Romaria na Insensatez Solar e na Lua de São Jorge. E o destilar do mel na noite da quinta. De você, quero as palavras. Vamos fazer poesia, de noite ou de dia, em qualquer lugar.
O lado fatal I
Quando meu amado morreu, não pude acreditar:
andei pelo quarto sozinha repetindo baixo:
"Não acredito, não acredito."
Beijei sua boca ainda morna,
acarinhei seu cabelo crespo,
tirei sua pesada aliança de prata com meu nome
e botei no dedo.
Ficou larga demais, mas mesmo assim eu uso. II
Muita gente veio e se foi.
Olharam, me abraçaram, choraram,
todos com ar de uma incrédula orfandade. III
Aquele de quem hoje falam e escrevem
(ou aos poucos vão-se esquecendo)
é muito menos do que este, deitado em meu coração,
meu amante e meu menino ainda. IV
Deus
(ou foi a Morte?)
golpeou com sua pesada foice
o coração do meu amado
(não se vê a ferida, mas rasgou o meu também).
Ele abriu os olhos, com ar deslumbrado,
disse bem alto meu nome no quarto do hospital,
e partiu. Quando se foram também os médicos e suas
[ máquinas inúteis,
ficamos sós: a Morte (ou foi Deus?)
o meu amado e eu.
Enterrei o rosto na curva do seu ombro
como sempre fazia,
disse as palavras de amor que costumávamos trocar.
O silêncio dele era absoluto: seu coração emudecido
e o meu, varados por essa dourada foice.
Por onde vou deixo o rastro de um sangue denso
[e triste
que não estancará jamais. V
Insensato eu estar aqui, e viva.
O rosto dele me contempla
vincado e triste no retrato sobre minha mesa;
em outros, sorri para mim, apaixonado e feliz.
Insensato, isso de sobreviver:
mas cá estou, na aparência inteira. Vou à janela esperando que ele apareça
e me acene com aquele seu gesto largo e generoso,
que ao acordar esteja ao meu lado
e que ao telefone seja sempre a sua voz. Sei e não sei que tudo isso é impossível,
que a morte é um abismo sem pontes
(ao menos por algum tempo). Sobrevivo, mas pela insensatez. VI
Pensei que estávamos apenas no começo:
a casa mal-e-mal nos alicerces.
Mas provavelmente estava concluída
e eu não sabia.
Tínhamos erguido em nossos poucos anos
as paredes necessárias;
o telhado se inclinava ao jeito certo,
e havia vidraças nas janelas.
(Éramos felizes ali dentro
mesmo com as tempestades de fora.)
Tudo se construiu num lapso tão curto:
até a porta de entrada, por onde ele saiu
casualmente como quem vai comprar jornal.A porta está apenas encostada
embora pareça alta, dura, intransponível:
do lado de lá, o meu amor vê as maravilhas
que tanto nos intrigavam nesta vida. VII
Tanto escrevi sobre a morte
em livros e poemas nesses anos:
sempre achei que a entendia um pouco. Mas agora que ela me dilacerou a vida,
me rasgou o peito,
me levou o amado,
sinto que mal começo a compreender
sua mensagem:
tirando-o de mim, a morte o devolve
para que seja mais meu. Dentro de mim um quebra-cabeças, e nele
[o meu amado.
Nem Deus o tirará daqui. VIII
O meu amado morreu:
viver sem ele, como dói.
Não tivemos filhos juntos,
nosso passado foi tão breve que era sempre
[presente.
Um dia ele mandou fazer um par de alianças
de pesada prata, parecendo antigas;
gravou apenas nossos nomes, sem data, e disse:
"Somos um só desde sempre."
Ainda não acreditei em sua morte,
e talvez isso me salve por enquanto.
Levantar-me da cama cada dia é um ato heróico,
acender o cigarro, atender o telefone, tomar café.
Mas faço tudo isso:
falo, ando, recebo visitas.
Compro móveis para a casa onde moro sem ele,
imaginando: será que ele vai gostar? De algum secreto lugar me vem a força
para erguer a xícara, acender o cigarro,
até sorrir quando alguém me diz:
"Você hoje está com a cara ótima",
quando penso se não doeria menos
jogar-me de um décimo-primeiro andar. IX
Amado meu, agora morto,
postado do lado de lá da fronteira que nos seduzia,
mudo e quedo como se não existisses:
eu sei que existes,
intensamente, ardentemente existes,
feito e desfeito no fogo de um amor maior que
[o nosso
mas que nos abrange. Amado meu, morto agora e para sempre vivo,
hás de ter ainda o intenso olhar que me entendia,
as curvas amorosas da boca que chamou meu nome,
as belas, inquietas mãos que ardiam nas minhas.
Ajuda-me agora, silencioso que estás,
a suportar a sobrevida
e a decifrar esse alto, intransponível muro que me
[cerca. X
Nunca tivemos filhos juntos, e ele reclamava:
"Nosso amor merecia um filho ao menos. "Nosso filho é a minha dor de hoje,
é a fulguração que nos deixava tontos,
é o novelo da memória que teço e reteço
nas minhas insônias. Nosso filho é o meu tempo de agora
para falar do meu amado:
da sua força e sua fragilidade,
da sua indignação e seus prantos,
da sua necessidade de ser amado e aceito
como finalmente deve estar sendo, por inteiro,
na realização de todos os seus vastos desejos. XI
O meu amor enveredou por sua morte
como quem vai a um encontro de amor:
impaciente.
Deixou-me este coração golpeado,
esta derrota.
Mas também ficou a claridade desses anos
e a sensação de que ele finalmente
vive o encontro de amor
que toda a devoção de minha vida não lhe poderia
[dar.(Um dia, celebraremos juntos.) XII
Se me tivessem amputado braços e pernas
e furado o coração com frias facas
e cegado meus olhos com ganchos
e esfolado a minha pele como a de um podre bicho
- nada doeria mais
que te saber morto, amado meu,
depositado
nesse irremediável poço de silêncio de onde não
[respondes.(A não ser em sonho, quando me olhas
e tuas mãos tocam as minhas espalmadas,
abertas, feridas, vazias.) XIII
O meu amado morreu:
preciso viver sua morte até o fim.
Morreu sem que se instalasse entre nós cansaço e
[banalidade.
Talvez tenha morrido na medida certa
para nada se desgastar.
Dele me vem a dor, mas também a ternura,
a claridade que me permite ver
em todos os rostos o seu rosto
em todos os vultos o seu vulto
e ouvir em todos os silêncios
o seu inesperado riso de criança XIV
Estranha a vida:
fico tangendo meus dias
como um rebanho de ovelhas desordenadas
nessa triste e fria cidade de Porto Alegre
onde ele gostava de estar
olhando o pôr-do-sol e vendo amigos.
"Morrer é tomar um porre de não-desejo"
dizia o meu amado, que era um homem desejoso:
desejava a vida, desejava a morte, desejava
[a justiça,
desejava a eternidade e a paz. Estranha a vida:
quando releio uma frase sua,
"viver é modular a morte",
em sangue e dor preparo a minha ida. Estranho também esse amor,
com hora marcada para a mutilação
da morte, o minuto acertado,
e o fim consultando o relógio
para nos golpear. Estranho esse amor de agora,
com meu amado atrás de um espelho baço
onde às vezes penso divisar seu vulto
como num aquário.
Enrolado em silêncio,
mais que nunca o meu amor comanda a minha vida. XV
Não falem alto comigo:
andem sempre na ponta dos pés.
Principalmente, não me toquem.
Finjam que não vêem se tenho um jeito absorto,
se nem sempre entendo as perguntas
com a rapidez de antigamente,
se pareço fatigada
e sem graça como nunca fui. Façam silêncio ao meu redor.
Não me interessa nada o cotidiano nem o místico.
Não quero discutir o preço do mercado
nem os grandes mistérios da eternidade. XVI
Levo meu amado no peito
como quem carrega nos braços para sempre
uma criança morta. XVII
Amado meu, que tanto ensinaste
de mim a mim mesma, e do mundo
a quem o conhecia pouco: quando se desfizer escura a noite desta perda,
quero enxergar pelos teus olhos,
amar através do teu amor
as coisas que me restaram. Amado meu, vivo em mim para sempre,
apesar da ruga a mais
e do olhar mais triste,
devo-te isto:
voltar a amar a vida
como agora amas, inteiramente,
a tua morte. Lya Luft
Não precisa de comentário.
Mas, o meu é esse:
Lidar com a morte do ser amado: é uma desolação, um completo abandono de si mesmo.
Um renascer dolorido, pior do que o nascimento.
É o dionisíaco que Nietszche nos fala em "A origem da tragédia". Ser forte quando tudo diz o contrário.
Ir adiante quando se quer parar. Recomeçar quando o tempo já foi e já era hora de partir.
Colóquio Direito e Arte – Uma nova forma de pensar o Direito
Cientes da relevância e atualidade da discussão acerca das múltiplas interfaces entre o Direito e a Arte no espaço da Graduação e da Pós-Graduação em Direito, tanto em termos epistemológicos (“O Direito como Arte”), quanto em termos de novas metodologias, ferramentas e técnicas de Ensino e Pesquisa, a Turma 2012.02 da disciplina Metodologia da Pesquisa em Direito (PPGD/UFBA), sob a Coordenação Científica dos Professores Rodolfo Pamplona Filho e Nelson Cerqueira, apresenta o “Colóquio Direito e Arte – Uma nova forma de pensar o Direito”, com a proposta de debater o tema, sempre de forma aberta, dialógica e interativa com os palestrantes, convidados e participantes em geral, ao longo de um dia de atividades (mesas, debates, oficinas, etc.).
DATA: 15/03/2013
LOCAL: Sala da Congregação, Térreo, da Faculdade de Direito da UFBA (Campus Graça)
HORÁRIO: 09:00h às 22:00h (confira programação)
INSCRIÇÃO: R$ 10,00 (estudante) e R$ 20,00 (profissional) – por e-mail: direitoearteufba@gmail.com (com indicação do NOME COMPLETO e INSTITUIÇÃO, para reserva de vaga e confirmação mediante comprovação do pagamento) e na Secretaria da Pós-Graduação (PPGD/UFBA), 2º andar da Faculdade de Direito da UFBA (pagamento).
Obs.: No ato da inscrição deve ser manifestado o interesse na realização de uma das oficinas disponíveis, para que seja realizada também a inscrição nestas até o número total das vagas previstas para cada uma.
Nada é mais grave e perigoso do que emoção juvenil em adulto." Marília, personagem do filme "Últimos Diálogos"
"Me deixa em paz, rapaz. Vá chafurdar no lixo como você faz sempre". Assim o ministro Joaquim Barbosa, presidente do STF e do CNJ, dirigiu-se ao repórter do Estadão que tentava lhe perguntar algo. Os disparos do ministro foram presenciados por diversos jornalistas.
"Tinha suspirado
Tinha beijado o papel devotamente
Era a primeira vez que lhe escreviam aquelas
sentimentalidades
E o seu orgulho dilatava-se ao calor amoroso que saia
delas
Como um corpo ressequido
que se estira num banho tépido
Sentia um acréscimo de estima por si mesma!
E parecia-lhe que entrava enfim numa existência
superiormente interessante...
Onde cada hora tinha seu intuito diferente
Cada passo conduzia um êxtase...
E a alma se cobria de um luxo radioso de sensações..."
Como gosto dos cantores que usam poesia/literatura na música. Declamações são um luxo.
"Como são belos os dias Do despontar da existência ! Respira a alma inocência Como perfumes a flor; O mar é - lago sereno, O céu - um manto azulado, O mundo - um sonho dourado, A vida - um hino d'amor !"
Há exatamente um mês, escrevi uma poesia que, entre culturalismos e fé, pedi a Iemanjá que levasse tudo que não fosse para ficar.
À Iemanjá.
No vermelho rio, as flores ofertadas, dançam em rodopio.
A vida, vai e vem, nestas ondas em cio... iemanjá me chamou e eu vim, e oferto, meus sentimentos, e os jasmins perfumados que colhi.
Oh, rainha das águas, quanto de seu azul são lágrimas salgadas? Suas mulheres ornadas são tão desejadas!
E sua força arrebatadora, sem exigir sacrifícios, tão festejada!
Oh, Rainha dos mares, das pescadoras de dores e amores, o sertão vai virar mar para te ofertar...as flores de cactus, as flores dos bulgaris, as flores que as agricultoras sertanejas colheram para te entregar.
Oh, Rainha dos Mar, no dois do dois, todo tempo é de amor.
E o que não é para ser, a maré levará.
Na correnteza da vida, nada fica, tudo muda,
Como as ondas que vão e vem, num ir e vir, do infinito, tudo que já foi não voltará. O tempo passa e leva o que não é para ficar.
Nas profundezas do mar azul, nas entranhas mais profundas dessa imensidão de águas, o mistério da criação é uma dor salgada e profunda, onde a criadora, mãe adorável, nos acalenta
E pergunta:
O que queres, onde vai chegar?
Leva, leva ondas do mar, leve para a grande senhora, leva para o lugar onde o azul se perde no horizonte, toda essa sujeita humana de sentimentos.
Afogue-os no mar revolto, nos liberte da tormenta.
E quando mais tarde tudo tiver terminado, possamos está purificados pela água benta, pela água salgada das lágrimas de todos que já passaram nesta vida.
Odoiá. Rainha do mar. Odoiá.
Hoje, 02 de março, repito: que as águas caiam e lavem a alma. Que a purifiquem. Que as águas tragam tudo que é para ficar. Porque o movimento é ir e vir, tal qual as ondas.
"No fim tu hás de ver que as coisas mais leves são as únicas que o vento não conseguiu levar: um estribilho antigo um carinho no momento preciso o folhear de um livro de poemas o cheiro que tinha um dia o próprio vento..." Mário Quintana