Bel Borba está com exposições no Palacete das Artes. É imperdível.
Esse artista baiano nos mostra esculturas, instalações, vídeos, pinturas e tapeçarias,e nos faz refletir sobre as múltiplas e diferenciadas manifestações estéticas que estão espalhadas pela cidade de Salvador, e levam sua assinatura inconfundível. Se não fosse Bel Borba o cenário visual de nossa cidade (hoje, entregue às baratas tontas de nossa triste administração pública) poderia ser bem pior.
Nessas fotografias sobre intervenções artísticas de Bel Borba na cidade de Salvador, conseguimos detalhar 25 obras: a sereia, esculturas da água grande, iemanjá, o anjo, mosaico da escola cupertino lacerda em amaralina, casa de vinicius de moraes em itapuã, uma típica sala de estar de meados do século XX em piatã, mural e escultura em aço no centro de convenções, o cachorro no rio vermelho, mosaicos do Hospital Aliança, gradil da casa branca na Vasco da Gama, Gantois na Garibaldi, The big man e os pássaros na avenida contorno (a minha predileta), mosaicos no morro da sereia no rio vermelho, círculo com mosaico na avenida ademar de barros em Ondina, pintura em avião no aeroporto,o prédio vermelho, mosaico de bolas em itapuã, túnel de acesso à Camaçari, pássaros coloridos no retiro, dinossauro em ondina, o rinoceronte no Pelourinho, peixes coloridos no corredor da vitória, D. Quixote e o Dragão no Teatro Vila Velha, escultura de carne na feira de são joaquim.
Ele deixou sua marca. Não há dúvida alguma disso. Bel Borba é o artista plástico mais conhecido da e na cidade de Salvador. Sua obra é um presente para a "Cidade da Bahia", especialmente porque nossas ruas estão, à cada dia, sendo degradadas de modo intenso, seja pelo congestionamento nosso de cada dia, seja pela falta de planejamento urbano, seja pelo abandono e descaso público.
O fato é que a exposição "Aqui, em sete elementos" apresenta os últimos trabalhos de Bel Borba, baseados na transmutação e no aproveitamento de materiais diversos e em processos de intervenção performáticos. No mundo desse artista não há limites sobre os elementos e matérias-primas dos quais pode tirar inspiração. Tudo em suas mãos se transforma. Tem traço inovador e demonstra alto grau de liberdade na criação. Fiquei maravilhada com o que ele foi capaz de criar com fragmentos da demolição do Estádio Fonte Nova.
Ele diz: "os fragmentos da implosão do nosso estádio (...), a vibração da plateia deve ter impregnado cada molécula daquele concreto, a matéria tem memória". E tem mesmo. É de emocionar, especialmente quando lembramos da tragédia que manchou de sangue de torcedores, numa tarde de domingo de 2007, o concreto da fonte nova. A Fonte Nova foi demolida porque foi mal cuidada. Não sei do resultado das ações de responsabilidade civil. Quem responde pela vida dos que morreram assisitindo uma partida de futebol?
Bel Borba conseguiu fazer arte dos escombros. É imensa a capacidade que a vida tem de se renovar e é incrível o poder transformador da arte e do artista.
O Diretor do Palacete das Artes Rodin, Murilo Ribeiro; Burt Sun, Curador da Exposição; Antônio Albino Canelas Rubim, Secretário de Cultura do Estado da Bahia e Paulo Darzé deixaram registradas várias impressões sobre Bel Borba. Estão lá nas paredes da exposição e merecem ser lidas:
São 11 peças que compõem "Aqui, em sete elementos". São: Esperando por Josefine Baker, Fôlego, Madame Formiga, Motocicleta, La Cobra, Rocomóvel, Cérebro, Homens, Arraia, Beijo e Pai e Mãe. Destas duas últimas, minhas preferidas, fiz essas fotos:
Adoro exposição que deixa fotografar.
Além dos fragmentos da Fonte Nova transformados em arte, ainda encontramos a exposições: azulejo da vida, que o próprio artista define como "um store board da minha passagem, do nascimento para cá. Uma derrapada intimista? Talvez. Por que não? Nesta sequência de grafismos, pintada com tinta de porcelana, fiz um quadro a quadro da minha história de vida. Um intimismo que me deu a oportunidade de um jogo de imagens que reporta experiências e emoções existenciais". Cada azulejo pintado foi filmado e você pode conferir o resultado, que ficou incrível.
Há ainda "Tapetes Voadores", com as obras Keith Haring, Olhos duplos, Trantralini, Partida e chegada, Diva Musa; Gato sobre, gato desce; Nirvana azul; Quatro cabeças pensam mais do que uma. De que tratam? Os sinais estão sempre presente, basta observá-los atentamente. Bel Borba nos faz refletir sobre religião, espiritualidade, divino, paraíso. Bem interessante, especialmente porque estamos tão próximos da data de 21 de janeiro, que representa o dia mundial de combate à intolerância religiosa.
Ele faz homenagem à sua filha Bela. Um parêntese para o nome da filha do artista: Bela. Fiquei refletindo: Bela Borba. Nome muito apropriado. O próprio Bel fala da emoção que foi ser pai aos 54 anos de idade e registrou isso numa cena muito bem pintada.
A última sala que visitei me tomou de surpresa, um misto de incredulidade e de alegria, especialmente pela frase que acompanhava as fotos "a vida lhes levou os dentes e o sorriso lhe devolveu a alma". A importância dos nossos dentes para dentista nenhum botar defeito. Fiquei pensando como ele conseguiu essas fotos? O antes e o depois : banguela e com dentes. Que mudança na fisionomia de uma pessoa.
Foi uma tarde agradabilíssima. Muitos turistas por lá. Estava com uma água na mão e com um caderno para anotação em outra, e a câmera dentro da bolsa. Obviamente, que não deu tempo para ver tudo. Uma exposição, mil olhares. Especialmente, se estamos diante de uma grande exposição.
Em tempo, informo que saiu o filme sobre a Vida de Bel Borba. Não vi ainda.
Algumas informações técnicas: a exposição ficará até o dia 23 de março de 2012 no Palacete das Artes Rodin Bahia. O evento é gratuito. O Telefone de lá: 3117.6910.
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