Há alguns anos venho pesquisando o Direito sob o prisma do viés artístico. Ariano Suassuna tem lugar cativo nas minhas leituras, por isso trabalhar com o texto dele é, antes de tudo, um prazer. Essa semana publiquei um ensaio em homenagem aos 60 anos de Auto da Compadecida, no entanto interpretando o texto dentro de uma concepção jurídica. Ao final, fiz uma dedicatória, que preferia nunca ter feito e que não houvesse motivo para fazê-la. A escrita é a forma de eternizar, por isso minhas palavras abaixo:
Dedicatória:
Esse ensaio foi escrito quatro meses
antes do assassinato brutal do meu irmão, Mário Pacífico de Melo. Não o
publiquei antes porque a emoção, quando o releio, toma-me profundamente.
A todas as famílias enlutadas que perderam seus familiares
injustamente, alvo de mortes violentas, provocadas pela agressividade
humana, e que convivem diariamente com a impunidade, e com a dor de
preventivas revogadas, quando o que se quer é, pelo menos, o exemplo da
punição. Triste a sociedade que não valoriza a vida e que banalizou o
sofrimento das vítimas. Cenas tristes que marcam o existir, tal qual
marcaram Suassuna e minha sobrinha, que aos quatro anos de idade tiveram
seu pai assassinado. A encenação dessa tragédia ainda ocorrerá no Fórum
da cidade de Jardim de Piranhas-RN, local do crime. Não sei quem será o
Juiz-Presidente, nem tampouco o Promotor, tendo em vista que a
complexidade, a incerteza e o caos são tônica em nosso Judiciário. Mas, sei que a juíza que decretou a
preventiva foi a mesma que a revogou, sem nenhuma justificativa
plausível. Um juiz, diante de mais um homicídio em suas mãos, só tem um
texto escrito e o lê como literatura jurídica (que não se compara a um
texto de Suassuna). Para a família que fica com a dor, a emoção é
grande.
O texto completo pode ser acessado no seguinte endereço:
http://emporiododireito.com.br/60-anos-de-auto-da-compadecida-e-a-invencao-do-tribunal-do-juri-em-ariano-suassuna-por-ezilda-melo/
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